SOLILÓQUIO
- Vanessa Dinger
- 7 mar 2013
- 3 Min. de lectura
Vivo num país que me faz lembrar aqueles frascos de champô que se viram ao contrário porque não se podem espremer mais e fica-se assim de pernas para o ar a escorregar lentamente no vazio à espera do fim! as necessidades de um são sempre mais importantes que as necessidades dos outros o segredo está aí em (in)verter mas ninguém me ouve... estás ai? ou será que sou eu que estou a desaparecer? o segredo está aí... em (in)verter os valores... no amor... no tempo... mas ninguém me ouve... educa-se um povo até que ele ficar bem cego prepara-se bem a massa até que ela fique bem estúpida e se possa enganar roubar matar lentamente à fome e ainda dizem que isto não é um genocídio lento o Hitler não faria isto melhor senhores do mundo são os ingredientes perfeitos para a corrupção mas vocÊs já são muito poucos nós somos muitos mais e com fome... eu acho que estou a desaparecer estás aí? eu tenho uma porta aberta um tecto a cair as paredes fumadas o chão já sem nada o abismo aos pés primeiro foi o trabalho depois o carro a seguir a máquina de lavar e depois rebentou a televisão sim! tudo em questão de dias tudo a voar tudo sem tempo sim! tenho-te a ti mas não me tenho a mim achas que te posso ter a ti sem me ter a mim? estás aí? sim? sair? eu já subi e desci esta colina a pé para aí umas nove vezes e não me adiantou de nada achas que vale a pena continuar a subir? e a descer? a subir e a descer? achas que vale a pena? estás aí? às vezes pergunto-me... será que sou invisível as pessoas passam por mim nas filas e tocam-me e empurram para passar e nem dizem agua vai e vão e vêm num vai e vem e vão e vêm... e eu falo e falo e pergunto e só tenho como resposta silêncio... apatia... e mesmo assim continuo a fazer imensas perguntas sou capaz de ter uma conversa estúpida com qualquer pessoa acho que é a solidão a falar e como fala... estás aí? sim estás... mas não me ouves... sinto o teu respirar passam horas a olhar e não respondem quando nos enchemos desse vazio vemos a coisas todas ao contrário o bom no mau o mau no bom o bom sem mau o mau sem bom encurta-se o espírito atrofia-se mas eu já nem te posso dizer isto se não ainda me matas é engraçado isto ficaste no sofá À espera do caos e sabias que ele vinha todos o estamos a sentir chegar... depois emprestaram-te um carro e tu choraste deram-te um tecto e tu fugiste deram-te um quarto e não quiseste ir e depois deram-te um mar e claro que te afogaste! não sabes nadar! e eu estou presa com as portas abertas e não posso ir e tu também e tu sabes e continuas a dizer coisas sem nexo sem pés só com cabeça e nunca chegamos a conclusão nenhuma ficam sempre as reticências e temos tudo para ir vir acho que temos e não vamos e tens a porta aberta e não te mexes mexe-te faz coisas sai da zona de conforto abandona coisas não pessoas eu sei sei que dói Vanessa Dinger Março de 2013
Entradas recientes
Ver todoL’art és un univers subjectiu a on la bellesa és relativa. Existeixen així els diferents gustos, un per cada un de nosaltres, i tot i...